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Piracicaba, SP, Brazil
Sou casada, tenho um filho, amo viver, adoro trabalhos manuais, música, filmes, antiguidades etc.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Made in Portugal







A Cláudia, do entremeiolusos.blogspot.com (Portugal) e eu, fizemos uma troca: nos presenteamos com um metro de chita, cada qual do seu país, é claro.

Recebi um tecido cheiroso e liiiiindo!

Estava aguardando o meu presente como criança às vésperas do Natal!

A missão, agora, é decidir o quê fazer com ele. Vou planejar com calma, pois as possibilidades são muitas: uma vestimenta, uma bolsa, uma almofada etc.

Vale a pena conhecer o blog dela: é uma apaixonada pelas coisas de sua terra, como todos deveríamos ser das nossas. Sabe valorizar o simples, os botões, os velhos armarinhos. Temos o mesmo entusiasmo pelo mundo das costuras.

Obrigada pela chita!

sábado, 9 de julho de 2011

O antes e depois de um banquinho passeador e fotogênico















Mais uma reforma, uma segunda chance para um móvel que tinha tudo prá estar com seus dias contados.

Há tempos "precisava" de um banquinho prá agradável tarefa de esticar os pés enquanto leio o jornal ou vejo TV (eu crio cada necessidade prá justificar o que tô afim de fazer...)

Estava no carro, enfrentando um terrível congestionamento, quando vejo uma garagem transformada em loja de móveis usados. E, lá no fundo, em cima de tudo, um banquinho.

Claaaaaaaro que estacionei prá vê-lo de perto. E aquela carinha de anos 70 me comoveu:

¨- Quer ir morar comigo? perguntei.

- Claro, "mamãe"!, respondeu o banquinho".

Fala sério! Um banquinho de que te chama de mamãe no primeiro encontro não merece uma chance? E uma tinta fresca? E uma "roupinha" nova?

Ah, eu tenho coração mole gente...









segunda-feira, 4 de julho de 2011

E se...



E, se eu emendasse todos os tecidos que juntei e costurasse um tapete prá ver você passar?


Você desfilaria com suas histórias, seus medos e seus risos?


E, se eu reforçasse a linha e costurasse um enorme acolchoado só prá te envolver?


Poderia imaginar o calor do meu amor e o quanto lhe desejo?


Criaria, só prá você, um abrigo feito de pontos e nós, tecidos de algodão e todo o acolhimento que quero lhe oferecer.


Estofaria almofadas para descansar suas ideias e um ninho de retalhos para adormecer o seu cansaço.

Cobriria o seu corpo com o meu corpo e sussurraria no seu ouvido: "É prá sempre..."

domingo, 3 de julho de 2011

O relógio da minha avó Isabel




Eu passei a entender melhor o tempo quando o relógio de corda da minha avó Isabel veio prá minha casa. Coloquei-o na parede, dei corda e fiquei na platéia.
No começo, ele funcionou muito bem. Suas badaladas me traziam de volta a infância, o cheiro de café, a toalha xadrez.
Depois, como eu não fizesse mais nada, apenas esperasse que ele agisse, ele passou a atrasar.
Arrastava os ponteiros e suas badaladas eram graves, como um pesar.
Eu dava mais corda e tudo se resolvia temporariamente.

Dias depois, ele já se mostrava mal-humorado e atrasado.

Eu não o entendia: o que mais ele queria de mim? Eu já o tinha em destaque na sala, de vez em quando dava-lhe corda, tirava-lhe o pó, exibia-o às visitas...
Esse senhor só poderia estar caduco. Com certeza os anos deviam cobrar sua parte justo agora, na minha casa...
E ele falhava. Depois de mais de um século de existência viera tombar em minha sala.
Marcara o tempo dos meus avós, ninara minha mãe e meus tios, intrigara-me na infância.
Era um tempo em que só minha avó dava-lhe corda. Eu, olhando-o lá no alto da parede, ficava ao lado dela quando ela abria-lhe a portinha de vidro e retirava lá de dentro uma chave muito estranha. Introduzia-a no corpo do relógio e rodava, rodava. Ela tinha o poder. E ele, garboso, matreiro, respondia com ardor, apontando as horas.
Não era o esperado mas talvez fosse o justo que ele descansasse agora.
Minha avó já se fora e bem antes dela o meu avô.
Alguns dos meus tios já descansavam e a minha infância já fora perdida.
Talvez ele sentisse que findara sua missão.
Como um quadro, deixei-o na parede, mudo, gozando enfim seu silêncio.

Vai ver ele precisava da quietude, do descompromisso das horas passarem sem ser ele a anunciá-las (ou denunciá-las).
Passando mais um tempo, em visita à nossa casa, meu irmão Daniel perguntou pelo relógio.
Contei que poderia ter chegado o seu fim.
Ele estranhou: "Mas ele não está quebrado, deveria estar funcionando bem".
Foi embora deixando-me a dúvida: por quê então este relógio recusa-se a soar as horas certas? Diante dele, questionei: "Sou eu ou é você?"
E era eu o tempo todo.
Resolvi fazer nova investida.
Tirei o pó, acertei as horas e dei-lhe corda. E, na manhã seguinte, novamente girei a chave, finalmente em meu poder. E, no outro dia, corda novamente. E assim, todo dia. E ele nunca mais falhou.
Ele precisava de atenção. Corda diária.
Assim, aprendi que temos que ter tempo até prá ver o tempo passar.
Que, se há desatenção, o tempo continuará a passar sem mágica alguma e no final não haverá uma boa surpresa. Perdermos o poder do nosso tempo.
Teremos, como cegos e surdos às necessidades do dia-a-dia, tocado a vida sem apreciar a alegria sutil do ponteiro dos minutos nem a escandalosa manifestação do ponteiro das horas.
Dessa forma, fizemos um trato, eu e ele: darei-lhe corda e atenção diariamente e ele não baterá suas horas em vão.

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