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Sou casada, tenho um filho, amo viver, adoro trabalhos manuais, música, filmes, antiguidades etc.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

O enfarte


Minha ausência foi forçada por motivos que antes nem me passavam pela cabeça: entre o Natal e o Ano Novo meu marido sofreu um enfarte.
Estávamos só nós dois em casa e ele havia feito um lanche (dois na verdade) e se deitou por volta das 22 horas.
Em meia hora levantou-se, dizendo que uma sensação logo abaixo do pescoço não o deixava dormir. Não era dor, era incômodo.
Pediu que eu deitasse com ele porque não queria ficar sozinho. Logo pensei em levá-lo ao hospital mas, ele insistia que devia ser um simples refluxo: comeu e logo se deitou, daí o mau estar.
E nada de conseguir dormir: estava agitado e profundamente indisposto, sem saber explicar o que lhe afligia.
Por volta da uma hora da manhã consegui convencê-lo. Ao chegar ao hospital confirmamos o que agora desconfiávamos: ele estava infartando.
Penso muito em quanta sorte tivemos: era de madrugada e o hospital estava praticamente vazio: todo o setor de urgência se mobilizou para atendê-lo. Consegui ligar para nosso filho que havia saído com amigos e muito depressa ele veio. Rapidamente foi arrumada uma ambulância que o transferiu para o EMCOR onde foi feito um cateterismo e uma angioplastia, com colocação de stent.
As horas passaram depressa e só uma frase me passava pela cabeça: "Você é a mulher mais bonita da festa". Era assim que ele me falava em toda festa que íamos. Eu sabia que não era verdade mas a graça dele dizer assim meio sorrindo, assim me encantando, fazia com que qualquer festa fosse especial.
Chorei na sala de espera como há muito tempo não chorava: pensava mesmo não ser mais capaz de verter tantas lágrimas. Pensava já tê-las derramado todas. Qual! É uma fonte que não seca.
Já era quase de manhã quando pudemos vê-lo: abatido, mas ainda conseguiu sorrir ao nos ver.
Passou dois dias na UTI e um dia no quarto. Pode então voltar para casa.
Agora estamos nos adaptando à nova realidade: o médico nos alertou que é um coração enfartado e com cicatrizes, mas pode muito bem se recuperar e levar uma vida normal.
Por enquanto não consigo pensar em voltar a costurar. Talvez tenha costurado muito no final do ano, talvez pense no tempo empregado, talvez queira ficar um tempo no sossego.
Sei que é só uma fase, mas ando cansada, desanimada e muuuito gripada. Além, é claro, que ainda estou me refazendo de um susto enorme. Não estou pronta para ser só mais uma na festa da vida. Preciso de sua mão na minha, de seu sorriso lindo, de suas tiradas inteligentes. E de muito anos juntos. Esses trinta primeiros anos, que completamos agora em 2015, foram só um aperitivo...

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