De repente, nem é preciso mais ter pressa.
Acordo quando tenho que acordar, quando o corpo pede que me levante. E se são 10 horas da manhã, que me importa? Poderia até ser mais, estou de férias.
Vou consumindo meu tempo aos poucos, saboreando as horas, deliciando-me com os não fazeres, as não obrigações.
Dou-me ao luxo de andar com o mais fino calçado: um bom par de Havaianas. Isso, quando os calço: prefiro não usar nada, andar descalça.
Costuro sem compromisso. Se erro, desmancho a costura devagar, como se pudesse corrigir todos os erros nesse lento desfazer. Refaço, acerto, conserto.
Pequenas alegrias, grande descanso.
Pulo da cama para o sofá, levanto as pernas, espreguiço. Desvio do sol, abraço almofadas.
Faço um doce, raspo a panela. Espio uma nuvem, uma criança que passa lá embaixo do meu prédio.
Há uma briga de um cão com um gato, bem sobre a minha janela. Os dois são negros e o gato não tem medo algum: não arreda pé, nem mesmo quando a dona do cão, que está em grande desvantagem, preso pela correia, tenta espantá-lo. O gato é valente e atrevido. E eu tenho tempo de reparar em tudo isso!
De tão feliz e com tanto tempo. logo vou caçar formigas no jardim, junto com o Gui, meu vizinho de três anos...