Só tenho um filho. Lindo, moreno, alto. Tem barba e longos cabelos desalinhados.
É mais que um filho: é a realização de um sonho que tinha desde criança.
As brincadeiras com bonecas me pegaram de jeito: adoro crianças!
Por algumas razões que, na época pareciam imperiosas, não tive mais mais filhos.
Mas volta e meia imagino como seria a filha que não tive.
Procuro em cada uma das minhas sobrinhas um traço dela e cada uma delas tem um pouco da minha garota.
Nas ruas, procuro por ela. Na menina alta e morena, na menina de bolsa de pano, na garota de minissaia jeans.
Busco por seus olhos nos jovens olhares que vejo. Quase posso sentir em minhas mãos seu cabelo escuro e cheiroso; quase posso tocar sua pela branquinha.
O tempo não volta e acho que a escolha foi como tinha que ser.
Só fico curiosa pensando em como ela seria. E busco, talvez, não quem ela teria sido mas sim quem eu fui.