Another Sunny Day

Quase nada

Ainda no carro, tirei o lenço do pescoço.

Dirigindo, abri os botões da camisa e

no semáforo fiquei sem ela.

Abaixei o zíper do jeans e num contorcionismo absurdo

consegui tirá-lo ali mesmo, no banco do condutor.

Quando cheguei à sua casa, já não restava mais nada, a não ser eu.

E, ali, diante do seu portão, rasguei o peito e arranquei meu coração.

Qualquer coisa

Há qualquer coisa dentro de mim que chora.

Não sei porquê.

Se foi uma brincadeira interrompida, um grito no meio da noite, um coração despedaçado.

Há uma menininha, ora valente, ora temerosa, ora aventureira, ora tão afeita às coisas da casa, como um porto seguro, blindado contra as maldades do mundo.

Há uma pequena garota que ainda olha encantada a prateleira de brinquedos, que me pede aquele conjunto de pratinhos e xicrinhas e toda sorte de coisinhas que se pode querer prá brincar de casinha.

Se fosse possível, e se eu fosse pequena agora, queria ter-me adulta por perto, pronta prá zelar por meu conforto e segurança, prá me segurar no colo e dizer que tudo ficaria bem. E, bem cedinho, eu ia me acordar sussurrando que um mundo inteiro de possibilidades me aguarda.

Antes e depois nº 2

Que máximo! Meu segundo antes e depois.

Esse abajur tenho há 20 anos, comprado na Feira da Torre, em Brasília, onde visitava parentes.

Só lembrei de tirar a foto do antes quando já tinha tirado o forro da cúpula, que era de papel tingido com café, sabe como é? Dá um aspecto lindo, antigo. Só que o meu já estava antigo de verdade, totalmente sem personalidade, sem nenhum destaque, na minha mesinha de cabeceira.

Com muito cuidado, tirei o papel fininho que forrava a cúpula e fiz dele o molde prá cortar esse tecido azul que eu amo e tenho até dó de usar (mas a causa era nobre). Deu super certo e adorei o resultado. E aí, ficou bom?