Esta foto é da net mas ele é parecido com meu vô Mário, até no boné! |
Hoje é aniversário do meu vô Mário. Seria. Ou é. Ou já foi. Não, nada disso: sempre será.
Ele era marceneiro. Adorava comemorar seu aniversário e sempre fazia festa.
Nós nos arrumavámos e íamos à casa dos avós vê-lo ser festejado e festejar a si mesmo.
Tenho prá mim que ele gostava de si próprio. E gostava das suas coisas, dos seus passarinhos, da sua oficina no quintal.
Ele trabalhava em casa além do emprego que lhe consumia o dia todo.
Em casa reformava móveis e alguns estofados. Às vezes, com sobras de madeiras e torneados, construía outros móveis. Uma das minhas irmãs tem até hoje duas mesinhas nascidas assim: o tampo não tem nada a ver com as perninhas, mas não é que o resultado é interessante?
E a minha vó, patchworkeira sem saber, aproveitava os retalhos dos tecidos usados nos estofados e fazia tapetes.
Vô Mário também pintava quadros, completamente autodidata.
E cantava. Lembrava orgulhoso de ter feito parte do Coral da Igreja do Bom Jesus. E muitas pessoas que conheci tempos depois também se lembravam dele no coral.
Tinha uma coleção de vinis que só com o tempo aprendi a apreciar.
Lembro de uma caixa bonita com vários LPs do Dorival Caymmi. E tinha Nélson Gonçalves, Sílvio Caldas e uma galera que eu, ignorante e adolescente, achava duro de ouvir.
Mas ele adorava e cantava junto. E compunha: "Se não fosse o pé, Pelé não seria o que é..." era o trecho de uma música dele. Só me ficou o refrão.
Gostava de plantas. De canários. De "bater perna" como dizia minha vó Ermelinda. De molhar o pão no leite com café. De montar o presépio no Natal, com laguinho de espelho e tudo.
Penso que vale a pena termos vivido se mesmo após muitos anos da nossa morte, alguém ainda se lembrar de nós e pronunciar nosso nome de vez em quando.
E meus mortos, tenho-os todos aqui, em alguma parte do coração...
2 comentários:
Rê, que linda homenagem! Não tive meus avós tão perto, só conheci uma avó, mãe da minha mãe, e ela morava longe, nos víamos muito pouco. Uma pena. Bjs
Rebeca, que gracinha seu avô! Que lembrança boa ele deixou. Bela homenagem, parabéns!
Beijos
Beth
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