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Uma cozinha abriga muita coisa.
Comida, pratos, talheres, potes, vasilhas, copos, utensílios elétricos, colheres de pau e magia. Sim, magia, porque juntar alguns ingredientes e transformá-los em comida, além de química, exige certo conhecimento de magia.
Além de se seguir qualquer receita, há algo que não vai escrito em lugar algum. Um toque de mão que varia de pessoa para pessoa.
Se não for isso, como se explica o fato de que a mesma receita, feita por duas pessoas, sai tão diferente? Pode até sair parecida, igual nunca.
É como a comida da infância: guardamos o sabor, o cheiro, a textura. Qualquer cheiro parecido me remete imediatamente à cozinha de uma das minhas avós: em certos momentos, me vejo entre os verdes armários da cozinha da minha vó Ermelinda. Em outros, estou novamente na cozinha de piso vermelho da minha vó Isabel.
Gozado pensar, além dos cheiros, nas cores dessas cozinhas: em uma dominava o verde claro, na outra o vermelho que, além do piso, ia numa pequena mesa com cadeiras vermelhas, acento de taboa, que minha mãe pintou.
Gostaria tanto de ser capaz de fotografar minha memória e compartilhar essas cozinhas! Como podem estar tão vivas em minha cabeça e tão longes de existir realmente? Uma já foi totalmente demolida e a outra ainda existe, mas não para mim. A casa foi vendida, os avós morreram, a saudade ficou.
Sabendo da importância que tem toda cozinha, penso que toda forma de torná-la acolhedora vale a pena. E uma cortina de tecido deixa qualquer pia mais fofa, não é verdade? Mais com cara de lar, mais com cara de "aqui se cozinha com afeto".
A cozinha da família da minha irmã Mônica reflete bem isso: eles adoram cozinhar! Pesquisam receitas e partem para novas empreitadas sem qualquer receio.
Daí o fato de ter tido o prazer de fazer esta cortina para enfeitar essa cozinha tão acolhedora!