terça-feira, 13 de agosto de 2013

Zezé e Lú

Tia Zezé, meu vô Floriano e tia Lú

   Eram duas as tias-avós: Zezé e Lú, irmãs do meu vô Floriano.
   Tantas foram as voltas da vida, em diferentes cidades e com diferentes fazeres. Mas um dia, quis o destino uní-las na velhice na mesma casa.
   Moravam num grande sobrado de esquina com um pequeno jardim à frente.
   Tia Zezé era viúva, tia Lú abandonada: o marido saiu para comprar qualquer coisa e nunca mais voltou.
   Tia Lú havia morado em São Paulo onde se aposentou como professora. Quando ainda lecionava devia ganhar muito bem pois enchia a família do interior com presentes. Comprou o primeiro fogão a gás da minha vó Isabel.
   Vestia os sobrinhos com o que havia de mais moderno na São Paulo dos anos 40/50.
   Quando vinha ao interior visitá-los, trazia para as crianças uma "mala surpresa": era onde vinham os brinquedos!
   Tinha um casaco de peles que, no inverno da velhice, só usava para ir à Caixa Econômica receber seu pagamento.
   Tia Zezé fora casada com um militar e ambos jovens e belos protagonizaram histórias de ciúmes famosas na família. Mas, se amavam e ficaram juntos até a morte dele.
   Idosa, começou a esquecer as coisas e passou a fugir de casa.
   Certa feita, entrou no carro do bispo achando que era um táxi. O bispo, após o susto inicial, percebeu que se tratava de uma senhora doente e tratou de descobrir onde ela morava, devolvendo-a em segurança.
   Era uma casa curiosa de se visitar: o assoalho rangia, a escada de madeira era escura e a cozinha triste. Ninguém cozinhava ali e toda comida vinha pronta de uma pensão.
   No canto da pia  jazia a marmita de 5 andares que era trocada quando chegava a marmita cheia de comida impessoal.
   Os doces (claro que comprados prontos) eram guardados em latas.
   A recordação que me ficou destas tias-avós me faz querer perfurmar a casa com mais bolos assando, com feijão cozinhando com louro e com uma pitada de esperança num futuro diferente.

24 comentários:

  1. Que post lindo,e gostoso de ler!
    Amo histórias antigas,ainda mais quando tem casa antiga no enredo. Rebeca,já pensou em ser escritora? Escreves super bem;sabes que nesse texto curto,eu consegui imaginar cada detalhe...amei a escada de madeira escura,o assoalho que rangia,enfim...
    beijos,querida!!!

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  2. Muito lindo!
    Texto gostoso de se ler. Realmente escrever super bem e eu sou amante deste tipo de texto. Histórias de vida. Bjs.

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  3. Eu aina continuo achando que você é alguma escritora misteriosa que se faz de artesã! rs... Adoro realmente, tudo o que você escreve! Você torna a leitura simples, agradável e simpática! Estava sentindo falta de passar por aqui.

    Linda seu texto. E que delícia ter uma tia como a Lú. Eu quero ser uma tia assim para minha sobrinha rs...
    Fiquei imaginando a tia Zezé e sua história de amor.... Pois é, um dia todos nós envelheceremos. Só espero que quando a gente partir, tenha marcado a história de alguém, igual a sua tia Lí e a Zezé marcaram a sua...

    =* beijosssss

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  4. Sua escrita é deliciosa! Fico à espera de mais histórias bonitas como essa!

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  5. olá Rebeca, muito boas suas histórias, como escreve bem, amei ...bjs.

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  6. Oi Rebeca,
    Fui imaginando as cenas lendo o seu texto.
    Pode contar mais!
    bjs

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  7. Que bonita descrição! por vezes é assim, a vida complica-se e o final é um pouco triste e solitário. Mas não quer dizer que não tivessem tido uma vida cheia, aliás como você mesma conta, com seus amores e desamores. Adorei!

    Vou fotografar meus manequins e inserir em algum post! Bjs

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  8. Que bacana seu texto, Rebeca. Fiquei aqui só imaginando (e vivendo) as cenas, adorei! Tenho um tio que fez exatamente a mesma coisa que o marido da sua tia Lú;)
    Beijos e bom dia!

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  9. Oi Rebeca,
    Obrigada!!! ;)
    Redinha para manter o cabelo arrumado após tantas piruetas rs
    bjs

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  10. Tem selinho pra você lá no meu blog. Beijos...

    http://analaice.blogspot.com.br/2013/08/selinho-ganho.html

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  11. Rebeca, que texto cheio de vida, apesar de mostrar uma casa triste, há de se levar em consideração tudo o que suas Tias-avós, viveram.
    Um beijo
    Fernanda

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  12. Olá Rebeca,

    Lindo e cativante texto. Adoro como descreve a vida, seja atual ou já vivida, sempre deixa uma vontade de quero continuar lendo, como um bom livro.
    Beijos

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  13. Oieeee queridaaaa...
    Póis é você é a número 100 ebaaaaaaa hehe...
    Obrigadinha pelo carinho...
    Beijinho e bom fim de semana...

    Francine

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  14. OLà Rebeca
    amo esses mergulhos no passado, essas historias de família.
    também tive uma tia avo que marcou minha infância.
    nem sei como se chamava, porque todos sempre a chamavam moça velha.
    porque ela nunca tinha casado.
    era muito pudica, mesmo no verão usava sempre sais compridas.
    foi ela que me ensinou a costurar, remendar, e outros afazeres domésticos. dizia que era importante.
    obrigado pelos parabéns , foi uma bela surpresa e uma satisfação para mim e meu bloguinho.

    baci

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  15. O Rebeca!!!!!!!!!!
    Que história interesante de sua familia!!
    Gosto muito quando a minha mãe conta historias da nossa familia, porque os meus avós são imigrantes japoneses.
    Esses dias descobri que meu bisavo era reitor de uma faculdade no Japão ee a minha vó professora... acho que a vontade de ser educadora da minha parte vem de sangue rsrsrsrrsrs.
    bjssssssssssssssssss
    Emocionou-me muito a sua postagem.
    Lindo final de semana

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  16. Este tipo de memórias são o sal da vida. Gostei muito do seu texto, muito bem escrito, muito vivido. Bjs

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  17. Oi Rebeca
    Também adorei, por isso não resisti e mostrei!rs
    bjs, ótimo finde!

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  18. Que bela história...realmente nos faz pensar em como deve ser triste comer de pensão...ainda mais na velhice, quando mais se precisa de amor e carinho...para refletir mesmo. bjosss

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  19. Adoro essas histórias antigas de familiares marcantes, Gostei imenso do seu texto.
    Um beijinho

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  20. Eu de novo!
    Adorei o seu blog e fico como seguidora. Se quiser retribuir será um prazer para mim.
    Beijo

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  21. Olhando as fotos, vejo como os antigos posavam com expressão 'grave' né? Gostei demais de ler esta postagem, era como se estivesse lendo sobre minha família. E no final dela, ainda ficou em mim o aroma do bolo e do feijão com louro. Parabéns! Você escreve muito bem. Beijos, Paula

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  22. Adorei a postagem Rebeca.
    Retrato de gente, história de gente escrita por gente sensível... você.
    Beijo grande,

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